Daniel Berg e Gunnar Vingren

DOIS JOVENS ESCOLHIDOS POR DEUS
    Em 1909, enquanto Gunnar Vingren participava de uma conferência pentecostal de sua igreja, no quinto dia do evento, o Senhor o batizou com o Espírito Santo.
    Alguns meses depois, Gunnar Vingren participava de uma convenção de igrejas batistas em Chicago, as quais aceitaram o Movimento Pentecostal, quando conheceu outro jovem sueco chamado Daniel Hogberg. Esse jovem também fora batizado com Espírito Santo e profundamente impactado pelo avivamento pentecostal. Os dois compatriotas eram membros da Igreja Batista em seu país, havendo emigrado para a América em épocas diferentes.
    Tornando-se leais amigos, os dois conversavam horas sobre as convicções de que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas. Passaram, então, a encontrarem-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando uma orientação de Deus. Um dia, quando participavam de uma reunião de oração, o Senhor lhes falou, através de uma mensagem profética, que eles deveriam partir para pregar o Evangelho e as bênçãos do Avivamento Pentecostal. O lugar tinha sido mencionado na profecia: Pará. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os dois jovens foram a uma biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. Foi quando descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil. Esta era uma chamada de fé, pois para eles, era um lugar totalmente desconhecido.

A PARTIDA PARA O BRASIL
    Gunnar Vingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e dos irmãos em Chicago. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os missionários que partiam. A quantia que lhes foi entregue só deu para a compra de duas passagens até nova Iorque. Quando lá chegassem, eles não saberiam como conseguir dinheiro para comprar mais duas passagens para o Brasil, porém, esse detalhe não os abalou em nada, pois tinham convicção de que haviam sido convocados por Deus. Portanto, era da total responsabilidade de Deus prover os recursos materiais necessários à viagem.
    Chegaram à Nova Iorque, sem conhecer ninguém e sem dinheiro para continuar a viagem. Os dois missionários caminhavam por uma das ruas da cidade, quando encontraram um negociante que conhecia o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto em oração, aquele negociante sentira que devia certa quantia ao irmão Vingren. Pela manhã, aquele homem colocou a referida importância em um envelope para mandá-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor surgirem à sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua experiência e entregou-lhe o envelope. Quando Vingren abriu o envelope, encontrou dentro dele 90 dólares, exatamente o preço de duas passagens até o Pará.
    Assim, no dia 5 de novembro de 1910, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Iorque abordo do navio "CleMent" com destino à Belém do Pará. Deus estava confirmando a sua chamada.


GUNNAR VINGREN E DANIEL BERG CHEGAM AO BRASIL

    No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era quase que totalmente católico. Assim, no dia 19 de novembro de 1910, sob um sol causticante, os dois missionários desembarcaram em Belém. Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil.
    Eles não possuíam amigos ou conhecidos na cidade de Belém. Não traziam endereço de alguém que os acolhessem ou orientasse. Carregando suas malas, enveredaram por uma rua. Ao alcançarem uma praça, sentaram-se em um banco para descansar; e aí fizeram a primeira oração em terras brasileiras. Seguindo a indicação de alguns passageiros com os quais viajaram, os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era de oito mil réis. Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encontrou um jornal que tinha o endereço do pastor metodista Justus Nelson. No dia seguinte, foram procurá-lo, e contaram-lhe como Deus os tinha enviado como missionários para aquela cidade. Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento ligados à Igreja Batista na América (as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém, e os apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre. E, assim, os missionários passaram a morar no porão da igreja.
    Daniel se empregou como caldeireiro e fundidor na companhia “Port of Pará”, recebendo salário de doze mil reis e passou a custear as aulas de português ministradas a Gunnar Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias.

 
Daniel Berg, a esposa Sara
e seus filhos
  Gunnar Vingren; Frida sua esposa
e seus filhos
   
Os jovens missionários tinham o coração avivado pelo Espírito Santo, e oravam de dia e de noite. Oravam sem cessar. Esse fato chamou a atenção de alguns membros da igreja, que passaram a censurá-los, considerando-os fanáticos por dedicarem tanto tempo à oração. Mas isso não os abalou. Com desenvoltura e eloqüência, continuaram a pregar a salvação em Cristo Jesus e o batismo com o Espírito Santo; sempre alicerçados na Escrituras.
    A doutrina pentecostal ministrada com a devida base bíblica foi assimilada por parte dos crentes, mas rejeitada por outros. Seis meses depois da chegada a Belém, Vingren foi convidado para dirigir um culto de oração e falou da necessidade de o crente ser revestido do poder do alto. A maioria dos presentes alegrou-se com a mensagem e outras reuniões de oração foram realizadas em casas de crentes que queriam o batismo no Espírito Santo como uma realidade em suas vidas. No alvorecer do dia 8 de junho de 1911, a irmã Celina Albuquerque, orando em sua casa, juntamente com outros irmãos, teve o privilégio de ser a primeira evangélica brasileira a receber o cumprimento da promessa, falando em línguas, como os primitivos cristãos no dia de Pentecostes. No dia seguinte, a irmã Maria de Nazaré de Araújo foi também batizada com o Espírito Santo.
    A evidência da mensagem pentecostal levou a direção da Igreja Batista a uma tomada de posição. Em uma reunião extraordinária, foi solicitado que todos os que estivessem de acordo com a nova doutrina se manifestassem. Para surpresa geral dezenove irmãos levantaram-se, uns porque já eram batizados com o Espírito Santo, e os outros, porque criam que poderiam receber a promessa. Daniel Berg e Gunnar Vingren e mais dezessete irmãos acabaram sendo desligados da Igreja Batista no dia 13 de junho de 1911. Esses irmãos passaram a reunir-se em um salão na Rua Siqueira Mendes, 79, Cidade Velha, residência do irmão Henrique de Albuquerque. Como a glória do Senhor se manifestava naquele lugar, houve a necessidade de organizar o movimento.
    Convictos e resolvidos a se organizar, no dia 18 de junho de 1911, por deliberação unânime, foi fundada a Missão da Fé Apostólica, nome inspirado no título do jornal editado pelo pastor Willian Seymor, da congregação pentecostal mais famosa do mundo no início do século 20, a Igreja da Rua Azusa, 312, em Los Angeles, na Califórnia. Sete anos depois, Gunnar Vingren e Daniel Berg, agora acompanhados dos missionários Otto Nelson e Samuel Nyströn, mudaram o nome da igreja para Igreja Evangélica Assembléia de Deus, registrando-o oficialmente, em 11/01/1918, em consonância com o 1º Concílio Geral realizado pelas igrejas pentecostais criadas nos EUA, que se uniram também sob esta denominação.

   
Daniel Berg, com os primeiros
crentes brasileiros
 Mossionários suecos e os
primeiros obreiros brasileiros.

    Estabelecida a Assembléia de Deus, os novos convertidos sentiram de imediato o impulso do Espírito Santo, saindo em busca das almas, seguindo os passos de Gunnar Vingren e Daniel Berg. Os resultados, testemunhados com salvação, batismo com o Espírito Santo e também com curas divinas, deram à igreja pentecostal a dimensão que hoje vemos. O rápido crescimento exigiu a consagração de pastores e norteou a expansão ministerial da nova igreja. Por onde, aceitando a fé e comprovando a chamada divina, os obreiros separados saíam destemidamente anunciando a Palavra de Deus, sob a unção do Espírito Santo. O grande crescimento da obra levou os pastores consagrados a assumirem trabalhos em outras localidades e estados, ampliando as fronteiras da mensagem pentecostal no Brasil.
    Atualmente o testemunho pentecostal da Igreja Assembléia de Deus está presente em todo o Brasil. Os templos e congregações da igreja são verdadeiras agências do Reino de Deus em qualquer cidade ou lugarejo desta nação, mesmo nos lugares de mais difícil acesso.
    Através de um início simples, mas sob a bênção de Deus, a mensagem pentecostal chegou ao Brasil através de Belém do Pará, a “Casa do Pão” de todos os pentecostais brasileiros. Esta mensagem originada nos céus alcançou milhões de pessoas em todo o País, fazendo da Assembléia de Deus a maior igreja evangélica do Brasil, local onde Deus fez e continua a fazer coisas maravilhosas.
    Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram ao Brasil ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.